A peça Relicários apresenta fragmentos de narrativas que se entrelaçam, formando uma trama de maldades, perversidades e paixões. Estas são histórias de pessoas comuns que vivem em uma pequena cidade, em que o tempo parece ter sido suspenso. Ali, o presente tornou-se um eterno viver de reminiscências. Eternas coisas guardadas, eternos objetos queridos revelam as crueldades e paixões de cada um.
Nove atores, formandos do curso de Bacharelado em Artes Cênicas – UEL – turma 2011, empenharam-se, por mais de seis meses, na elaboração desta peça. Tal processo tomou como inspiração livre para a construção do espetáculo, contos de autores como Lygia Fagundes Telles, Nélida Piñon e Marina Colasanti. Elementos literários foram, assim, aliados a histórias e memórias dos atores, e também a um intenso processo de criação de imagens cênicas. O resultado apresenta um trabalho centrado na dramaturgia corporal e vocal, e na relação íntima com o público, que, ao contrário de apenas contemplar a peça, vê-se inserido na encenação. A música e sonoplastia foram, em grande parte, criadas pelo grupo são elementos mais marcantes do espetáculo; o entrelaçamento de cenas, personagens e tramas se descortina ao ritmo e melodia de paisagens sonoras e música incidental que evocam a atmosfera do lugar. O cenário é todo construído de reminiscências: objetos antigos formam uma espécie de instalação que convida o público a desvendar e explorar o universo e presenças sutis de personagens e também de pessoas reais.
Relicários mostra uma pequena cidade, esquecida pelo mundo, perdida no mapa, com personagens que não escondem suas maldades, perversidades e angústias. O menino bobo, sua irmã perversa, a mulher febril, a mulher que se transforma, a amante, o marujo-santinho e o forasteiro são algumas das figuras enigmáticas que perambulam descalças e fincadas no seu pequeno espaço de terra. Sua presença é sempre envolta em uma atmosfera que evoca a simplicidade e religiosidade da vida interiorana, mas ao mesmo tempo carrega o peso de personalidades densas e marcantes.
A peça Relicários faz parte do Programa de Formação Complementar Práticas de Encenação do curso de Bacharelado em Artes Cênicas da UEL – uma espécie de laboratório de práticas cênicas.
A peça é desaconselhável para menores de quatorze anos.